A crise de 1929 (Grande Depressão)
Após a Primeira Guerra Mundial
(1914-1918), a economia dos Estados Unidos se tornou a mais importante do
mundo. Haja vista que, com a destruição que a guerra provocou na Europa, a
produção econômica de grandes potências, como a Inglaterra e a Alemanha, não
mais se sobrepunha aos outros países, pois estava em processo de recuperação.
Sendo assim, os EUA, ao tempo que conseguiam uma produção econômica muito
grande, pois tinham compradores dentro e fora do país, também estimulavam a
oferta de crédito pra estes compradores, bem como a política de aumento
salarial para empregados. Entretanto, sempre quando havia um período de pequena
recessão, isto é: decréscimo na produção econômica, o governo intervinha no
mercado aplicando mais crédito (dinheiro e títulos da Bolsa de Valores) para
reparar os danos.
A medida de expansão de crédito
tornava as taxas de juros artificiais, sem lastro com as reservas de crédito
reais, que eram ancoradas na poupança. Os investidores que tinham ações na
Bolsa de Valores de Nova Iorque recebiam um sinal falso da expansão de crédito
e, consequentemente, acabavam por ampliar os seus negócios, aumentar salários,
e investir ainda mais. Este processo gerou uma “bolha inflacionária”, pois, em
1929, chegou um momento em que não se podia mais esconder o caráter artificial
da expansão econômica: havia muito dinheiro emitido circulando, mas sem valor
real com a produção. Já sob o governo Hoover, a Bolsa de Valores de Nova
Iorque, responsável pela administração dos investimentos aplicados e do crédito
emitido, entrou em colapso.
As principais consequências da
Crise de 1929 foram o desemprego em massa, a falência de várias empresas, tanto
do setor industrial quanto do setor agrícola, e a pobreza, que assolou grande
parte da população americana. Muitos países que estavam atrelados ao sistema de
crédito americano também sofreram uma grande recessão em suas economias. O
Brasil, por exemplo, teve que queimar café, principal produto da época, para
poder valorizar o seu preço.
As soluções para a crise foram
aplicadas, principalmente, por Franklin Delano Roosevelt e sua política do New
Deal (Novo Acordo), que procurou replanejar a economia americana.
O New Deal (Novo Acordo)
O New Deal foi influenciado pela
teoria econômica de John Maynard Keynes, economista britânico que apontava a
necessidade da mediação econômica do Estado para garantir o bem-estar da
população, ação que o liberalismo seria incapaz de realizar. A estratégia de
planejamento econômico estatal aproximava o New Deal dos planos quinquenais
adotados na URSS, que intensificaram a industrialização soviética em um período
de profunda crise econômica do capitalismo ocidental.
Para enfrentar a crise econômica
e social nos EUA, Roosevelt utilizou os trabalhos de um grupo de renomados economistas
inspirados em Keynes para elaborar o New Deal, cujo principal objetivo era
criar condições para a diminuição do desemprego, através da articulação de
investimentos estatais e privados. As principais medidas foram:
- desvalorização do dólar para tornar as exportações mais competitivas;
- empréstimos aos bancos para evitar falências no sistema financeiro;
- criação do sistema de seguridade social, com destaque para o seguro desemprego e a Lei de Seguridade de 1935;
- direito de organização sindical;
- estímulo à produção agrícola;
As medidas alcançaram êxito,
revigorando novamente o capitalismo norte-americano, ao ponto de estudos
afirmarem que dez anos após a implantação do New Deal, os EUA se aproximaram
dos patamares econômicos em que se encontravam em 1929.
O New Deal influenciou as
políticas econômicas na Europa ocidental, no que ficou conhecido como Welfare
State, políticas de bem-estar social que proporcionaram o boom econômico do
pós-guerra. O Estado garantia uma distribuição menos desigual de renda e criava
infraestruturas necessárias a uma vida digna para a maioria da população,
investindo em saúde, educação e transporte.
Somente na década de 1970, com as
graves crises que assolaram o mundo capitalista, que as medidas keynesianas,
como o New Deal, foram sendo substituídas e dando lugar a novas políticas de
orientação liberal. Começava a época do neoliberalismo econômico.
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