sexta-feira, 15 de maio de 2020

9º ano E F - A reforma urbana das cidades do Rio de Janeiro e São Paulo.

Assista os vídeos, observe as imagens, leia os textos e vá ao formulário de questões para respondê-las.


Esse outro vídeo é bem legal, garanto!



Agora leia o texto abaixo.

Modernização, expulsão e a reurbanização do Rio de Janeiro

O período da história republicana do Brasil, envolto na República Oligárquica, foi marcado por tentativas de reurbanização modernizadora de algumas cidades. O caso mais notório foi a reurbanização do Rio de Janeiro, ocorrida na última década do século XIX e nas primeiras do século XX.
Entretanto, se a modernização significava o embelezamento da cidade, na prática ela proporcionou a expulsão de boa parte da população pobre e trabalhadora da região central da capital do Brasil.
A reurbanização do Rio de Janeiro se inseria em uma política de transformação da capital federal, com vistas à erradicação de várias epidemias e de embelezamento urbano afrancesado, criando assim um melhor cartão de visitas aos visitantes estrangeiros interessados em investimentos no Brasil. A principal ação nesse sentido se deu no governo do presidente Rodrigues Alves (1902-1906), cuja proposta de reforma da capital envolvia três frentes de trabalho: a modernização do porto, a reforma urbana e o saneamento básico.
Nas ações de saneamento básico, fazia-se necessário na cidade erradicar diversas epidemias decorrentes da má qualidade sanitária na cidade, principalmente na região central.
Habitada por aproximadamente um milhão de pessoas no início do século XX, a capital federal era alvo constante de surtos de febre amarela, peste bubônica, malária e varíola. A solução proposta, além das vacinações obrigatórias e da fiscalização compulsória das residências, era a demolição das habitações coletivas existentes na cidade, como cortiços, estalagens e casas de cômodos.
O argumento era que, em face das condições insalubres, as habitações coletivas eram propícias à propagação de doenças. O cortiço Cabeça de Porco chegou a ter 2000 habitantes. A isso somava a visão conservadora e moralizadora sobre a vida desses estratos da população.
Everardo Beckheuser, na obra Habitações populares, de 1906, definia da seguinte forma essa situação: “E assim reunida, aglomerada, essa gente, trabalhadores, lavadeiras, costureiras de baixa freguesia, mulheres de vida reles, entopem ‘as casas de cômodos’, velhos casarões de muitos andares, divididos e subdivididos por um sem número de tapumes de madeira, até nos vãos de telhados, entre a cobertura carcomida e o ferro carunchoso. Às vezes, nem as divisões de madeira; nada mais que sacos de aniagem estendidos verticalmente em septo, permitindo quase a vida em comum, em uma promiscuidade de horrorizar”.
Essa ação ia ao encontro dos objetivos da classe dominante da cidade, desejosa de expulsar da área central a população pobre e explorada da capital, considerada um elemento perigoso para a ordem e disciplina urbana almejada. A maior parte dessa população era formada por ex-escravos africanos e imigrantes, principalmente portugueses.
As demolições dos casarões foram realizadas sem o consentimento dos habitantes e sem o pagamento de indenizações, obrigando os moradores a encontrarem novos locais para a construção de suas habitações. Isso ocorreu principalmente nos morros arredor da região central, onde foram construídos barracões de madeiras, que deram origem às favelas cariocas.
Sobre os escombros dos casarões derrubados, grandes avenidas foram construídas, em uma tentativa de assemelhar a cidade do Rio de Janeiro à capital francesa, Paris. Na década de 1870, Paris passou por uma reformulação urbana com a criação de grandes bulevares, praças e jardins, sob a liderança do barão Haussmann, então prefeito da cidade.
No Rio de Janeiro tal iniciativa coube ao engenheiro Pereira Passos, prefeito do Rio de Janeiro entre 1902 e 1906. Com plenos poderes dados pelo presidente Rodrigues Alves, Passos promoveu uma profunda reformulação urbana, cujos principais exemplos foram a construção da Avenida Central, a reforma do porto e a iluminação pública. Construíram-se luxuosos palacetes, praças e jardins no lugar de 600 edificações.
O processo de reurbanização do Rio de Janeiro exemplifica o aspecto autoritário e excludente das políticas estatais verificadas durante a República Oligárquica, expulsando da área de expansão da modernidade capitalista os grupos sociais considerados perigosos à ordem. Porém, esses grupos não aceitariam passivamente a situação, e a Revolta da Vacina de 1904 deu mostras da resistência da população explorada do Rio de Janeiro a essa situação.


Augusto Malta. Avenida Central: vista panorâmica durante os trabalhos de pavimentação, setembro de 1905. Rio de \janeiro, RJ / Acdervo Museu da República



Complexo do Alemão, um conjunto de treze favelas que, somadas, têm uma população de cerca de 65 mil habitantes.


Reforma urbana em São Paulo: a Avenida Paulista.

História da Avenida Paulista
Quando foi inaugurada, em 8 de dezembro de 1891, a Avenida Paulistanão tinha ainda uma única construção. O que se via eram diversos terrenos uniformes, rodeados por uma cerca de arame de três fios, calçadas e duas pistas, ladeadas por árvores como magnólias e plátanos. Ali circulavam bondes puxados a burro, tílburis, cavaleiros, carruagens e até uma bicicleta primitiva. Era a avenida mais larga e imponente da cidade e a primeira inteiramente planejada e destinada a um fim específico: ser elegante. E mantém esta qualidade até os dias de hoje.
A criação da Paulista partiu da idéia de se formar um eixo sofisticado, voltado para a burguesia endinheirada da cidade, capaz de enfrentar os altos preços dos terrenos e das construções. São Paulo já contava com cem mil habitantes.  O idealizador foi Joaquim Eugênio de Lima, um uruguaio, formado em agronomia na Alemanha, residente em São Paulo e casado com uma brasileira. O lugar escolhido foi o chamado espigão central, que corre na direção do morro do Jaraguá, e com boa parte recoberta por mata virgem, o Caaguaçú.
Primeiras construções
Vieram as primeiras casas. O dinheiro então se baseava na agricultura e no comércio. Foram fazendeiros e negociantes os primeiros a tomar conta da avenida. As culturas eram díspares, havia desde novos-ricos até a nobreza cafeeira, e isto se refletia nos estilos que em poucos anos preencheram a Paulista: florentino, neoclássico, mourisco, o classicismo francês, o academicismo e, inclusive, belos exemplares da art-nouveau. Bizarras às vezes, sóbrias demais outras, apoteóticas, exageradas, suaves, confortáveis, as mansões refletiam fantasias e sonhos, de proprietários e arquitetos.
A avenida em 1902, vista da residência de Adam Von Bülow. Foto de Guilherme Gaensly.

Avenida Paulista atual.


Favela de Paraisópolis e o contraste social.

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